20091008

"Sofia, larga essa porra!
Você está fumando na chuva!"
Eu sei, me acham louca!
Mas é que eu gosto de fumar na chuva.
O jeito que a fumaça se funde com a água...
Eu acho lindo.
"Sai da chuva, você vai ficar doente!"
Doente? Doente é o meu espírito!
É que eu gosto de ver a chuva cair de perto,
E sentir que ela toca minhas roupas
E nunca me molha.
Ver que o meu cabelo bagunça.
E que mesmo assim eu sou feita de algo sólido.
Então porque é que eu desmorono?
Porque é que me derrubam?
A minha solidez é plástica,
Vai embora com fogo,
E com qualquer coisa que emane calor.
Real mesmo é a minha solidão.
Porra, dói saber a verdade!
E mesmo que eu peça e quase implore,
Ninguém pára de tocar aquela música triste.

É o último dia de aula,
As pessoas choram, vão sentir saudade.
Eu acho suas lágrimas e suas saudades falsas.

Um menino tenta tirar de mim o papel no qual escrevo,
Eu quase choro!
E não, não é de vergonha.
Mas como ele poderia saber como eu me sinto?
As mãos foram trocadas por músculos.
E eu não sinto mais nenhum dos dois.

Ouço uma voz falar que Jesus não chora.
Então porque eu?
Onde está a fiel semelhança?
Eu me canso, juro!
Chorar dói, eu não me acostumo.
Quando, por deus, hei de me acostumar?
É que hoje descobri que não tenho mais com o que me importar.

Foi-se as ambições.
Todas idas pra longe.
A falta e o excesso de pensamentos doem.
Não tanto quanto a sua falta, enfim...
Até a frequência dessa palavra me assusta.
Me desarmaram com um sorriso, ou dois.

Eu me torno usual, habitual.
Hábitos ruins não morrem facilmente.
Mas a tristeza é fácil quando se torna diária.
É usual, é habitual.

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